quinta-feira, 25 de outubro de 2012

10 - Afasta-te


Afasta‑te!
Não te quero perto.
Cala‑te!
Não me digas o que é certo!
Tu, quem te julgas?
Com que direito me acusas?

A vida é minha!
Não te diz respeito.
Há uma linha
para além da qual não aceito
o mais bondoso intruso.
Chega de abuso!

Este território é meu.
Não o partilho. Sou  livre.
A confiança ardeu,
em ti, que aqui tive,
ao quereres dar lições,
ou interferir em decisões.

Inventas teorias.
Dizes que sofro.
Julgas‑te o messias
da felicidade e do conforto.
Descreves os meus comportamentos
como fugas a tormentos.

Atreves‑te a dizer quem sou,
que me conheces,
para onde vou.
Dissertas mil e uma teses
sobre uma personalidade
que nada tem a ver com a realidade.

Na tua arrogância cega
dizes agir por amor.
Acreditas ser um ato de entrega
descreveres o alegado terror
no qual dizes que vivo,
com o coração cativo.

Pressionas‑me com a fantasia
de uma ligação entre nós,
e que a minha racionalidade fria
me impede de ouvir a voz
das nossas células,
entranhas e estrelas.

Queres arrastar‑me na tua tolice,
julgando fazer‑me feliz.
Não te apercebes da aldrabice
na qual assentas a tua força motriz.
Nada nos liga. Somos diferentes.
Alucinas. A ti próprio mentes.

Afasta‑te. Não te imponhas.
Não te esforces. Não nos forces.
Nem me faças passar vergonhas
com a tua arrogância e poses
doutrinárias, messiânicas,
nem com devaneios sobre paixões orgânicas.

És tu quem sofre. És tu quem foge.
És tu quem nada sabe da vida.
Afasta‑te, para longe de mim, veloz.
Não julgues ser uma mente esclarecida,
muito menos sobre o núcleo da minha pessoa.
Vai. Sai daqui. Voa!


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