quinta-feira, 1 de novembro de 2012

12 - Lenses


Sometimes I don’t know
whether I’m on denial
or sensing the flow
of something vital.

I am a sad person,
unsatisfied with life
by stupidity and conviction.
Melancholy is my vice.

Proudly unhappy,
seeking something else
beyond my shabby
existence in stealth.

So I begin
the strife to be noticed.
Vanity is my sin,
presumption, my acid.

But, now and then,
in spite of this nothingness,
a grain of sand
glows clear, in bless.

«Life is wonderful»,
it says to me.
«Just follow the rule
to make you free

of despairs and sorrows,
loneliness and grief:
you need light to cast shadows.
This is more fact than belief!»

Denial or perspective?
A change of lenses?
Can I be objective
about the soul’s senses?

My life needs light,
joy and fulfilment,
but aiming too high
makes me lose the moment.

Instead of the horizon
my lenses should focus
on detail and action,
like a child who’s curious.

Life is made of seconds,
like cells are made of stardust.
Light shines in tiny microns
glued with love and trust.






domingo, 28 de outubro de 2012

11 - Sincronização


Minha querida,
real ou imaginária,
próxima ou desconhecida,
toda extraordinária,
tudo o que um homem quer,
absoluta mulher:

Quero o teu ritmo,
a tua melodia,
do forte ao pianíssimo,
os acordes da harmonia,
escalas e arpejos,
sorrisos e beijos.

Quero escutar‑te,
os sons e os silêncios,
embevecer‑me com a obra de arte
que me faz arder em mil incêndios.
Quero decorar a partitura
que me leva à loucura.

Sincronizar‑me contigo,
nota a nota, ponto e contraponto.
Nunca falhar no que te digo,
maravilhar‑te no que te conto,
trazer‑te alegria e fogo,
a cada toque tirar‑te o fôlego.

Dar‑te‑ei o que precisas
no momento e na forma exatas.
Coreografias intuitivas
brotarão em cascatas
de borboletas, flores,
êxtases e torpores.

A música do nosso sangue,
captada nos olhos e cheiros,
no ímpeto de cada arranque
dos nossos diálogos de parceiros,
será o motivo da nossa existência,
a nossa fé e a nossa ciência.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

10 - Afasta-te


Afasta‑te!
Não te quero perto.
Cala‑te!
Não me digas o que é certo!
Tu, quem te julgas?
Com que direito me acusas?

A vida é minha!
Não te diz respeito.
Há uma linha
para além da qual não aceito
o mais bondoso intruso.
Chega de abuso!

Este território é meu.
Não o partilho. Sou  livre.
A confiança ardeu,
em ti, que aqui tive,
ao quereres dar lições,
ou interferir em decisões.

Inventas teorias.
Dizes que sofro.
Julgas‑te o messias
da felicidade e do conforto.
Descreves os meus comportamentos
como fugas a tormentos.

Atreves‑te a dizer quem sou,
que me conheces,
para onde vou.
Dissertas mil e uma teses
sobre uma personalidade
que nada tem a ver com a realidade.

Na tua arrogância cega
dizes agir por amor.
Acreditas ser um ato de entrega
descreveres o alegado terror
no qual dizes que vivo,
com o coração cativo.

Pressionas‑me com a fantasia
de uma ligação entre nós,
e que a minha racionalidade fria
me impede de ouvir a voz
das nossas células,
entranhas e estrelas.

Queres arrastar‑me na tua tolice,
julgando fazer‑me feliz.
Não te apercebes da aldrabice
na qual assentas a tua força motriz.
Nada nos liga. Somos diferentes.
Alucinas. A ti próprio mentes.

Afasta‑te. Não te imponhas.
Não te esforces. Não nos forces.
Nem me faças passar vergonhas
com a tua arrogância e poses
doutrinárias, messiânicas,
nem com devaneios sobre paixões orgânicas.

És tu quem sofre. És tu quem foge.
És tu quem nada sabe da vida.
Afasta‑te, para longe de mim, veloz.
Não julgues ser uma mente esclarecida,
muito menos sobre o núcleo da minha pessoa.
Vai. Sai daqui. Voa!


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

9 - Necessidade


Nascemos com ela.
Está‑nos no sangue
que fervilha, na querela
— há quem não se zangue? —
desta incansável busca
que tudo o resto ofusca.

«Amo‑te», queremos dizer.
«Amo‑te», queremos ouvir.
Por mais que a tentemos combater,
desta necessidade não conseguimos fugir.
Ela não nos larga,
esta vitalícia carga.

É horrível, pior que a fome,
mais dilacerante que a sede,
nem mesmo com sexo ela some.
Imobilizados, na cruel rede
dos desejos da alma,
nenhum corpo nos acalma,

exceto o eleito pelo destino
para ser nosso parceiro.
Com um vigor assassino
tentamos negar o roteiro
que o nosso sangue traçou.
O humano torna‑se robô.

Segmentamos as pessoas.
Somos muito racionais.
Listamos as coisas más e boas
para orientação no desenho dos canais
da nossa vida. Queremos arrumá‑la.
E silenciar de vez a instintiva fala.

Mas nada a detém.
A rede é mais forte.
Ao aparecer alguém
que nos indica o norte,
vem logo a paralisia
e o grito da voz que nos guia:

«Amo‑te!» É o que mais necessitamos,
fazer‑nos ouvir e ter retorno.
Bem tentam confundir‑nos com ramos
alternativos e até suborno.
Garantem‑nos milhares de prazeres
e, sobre o destino, todos os poderes.

Mas ela persiste, a necessidade.
O nosso amor tem de ser expresso.
Consiste, a verdadeira liberdade,
nesta prisão sem regresso,
na angústia dilacerante
de encontrar o nosso amante.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

8 - The Maze of Fears


I am afraid of so many things.
We are guided by fear so many times.
If only I could grow some wings
to fly away from this maze that defines
my actions, decisions and ideas…
I must fight to be audacious.

These walls of fear design the path
of my life and do me wrong.
Their influence is clear as math
and everyone is taken along
the same laws of dynamics
to the point of becoming fanatics.

All human beings share the same
original fear — being alone.
That fear is our human claim,
it’s inside us to the bone.
Nothing is more legitimate
than longing for our perfect mate.

But from this fear others arise
out of frustration and pain.
We put them all under disguise
to the point of making our heart insane.
Original and following fears are hidden
as we cease to believe in Eden.

Blind in pride we say we’re rational
and strong whilst getting lost in the maze
of fears. We don’t even recognize each wall
standing before us in our chase
of denial. Scepticism is the main rule
and sarcasm the favourite tool.

The maze takes us to the ultimate paradox —
we’re afraid of loneliness and afraid of love!
This squared spiral is an entrapment box
of disconnection to the reality above
our weak understanding and false principles.
It deafens the intuition’s ripples.

Love is real. It is there. Listen!
Embrace the risk of pain and jump
towards the meaning of life. Away from the prison
of stoned hearts with only venom to pump.
Share yourself, face the fear to suffer,
cherish the fragility of the other.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

7 - Embrutecimento

Ó ser humano
aflito, nervoso.
Não sejas insano,
entra em repouso,
baixa as defesas
e as tuas certezas.

Sentimos todos medo
do coração magoado.
Conhecemos desde cedo
as dores desse estado.
Todos chorámos na infância
pelo que dávamos importância.

Ao crescer endurecemos.
Tem mesmo de ser assim.
O problema são os extremos.
Muitos vão além do fim
aceitável para se ser duro,
erguendo à volta um terrível muro.

Qualquer sentimento é interdito.
Só passam emoções leves e banais.
É controlado o que pode ser dito,
qualquer palavra bela está a mais.
Através de um primitivo cálculo
o discurso é reduzido ao frio vernáculo.

Sejamos brutos. As palavras, calhaus.
Conversas de arremessos,
afetos lançados ao caos,
perdidos em mil avessos,
até desaparecerem de todo
e ficarmos presos no lodo.

Brutos e amargos, só pelo receio
de sentir, sofrer, de ser frágil.
O medo é tal, sendo preferível tornar feio
cada momento e instante com a palavra vil.
Projetam dureza, da qual fazem alardes,
quando na verdade não passam de cobardes.

terça-feira, 3 de julho de 2012

6 - Orgânica do Desgosto


Começa no peito.
Uma irrigação súbita
leva tudo a eito
e o coração grita.

Segue‑se o nó na garganta.
Um nódulo sufocante.
A alma cai e não levanta,
nada segue avante.

Um torno envolve os pulmões
sem dó nem piedade.
Rebentam alvéolos aos milhões.
Decuplica a dor que nos invade.

Libertam‑se ácidos no estômago.
É um vazio sem fome.
O vácuo instala‑se no âmago
e num torvelinho o espírito some.

Às vezes estremecem as pernas.
Vacilamos numa queda iminente.
Surgem as trevas das cavernas
do desmaio. Nada se sente.

Fugir! Escapar a todo o custo!
Hectolitros de anestesia contra a lucidez!
Mil e um instantes de susto!
Até a dor na carne tem a sua vez...

Cortes! Rasgos! Sangue!
Toda a violência apazigua.
Esmague‑se o corpo com um tanque.
Magoa menos do que a dor da alma nua.

Há, no entanto, alternativa
para serenar a taquicardia.
A beleza liberta a alma cativa
de toda e qualquer agonia.

A pulsação retoma com o esforço
da transformação do caos em harmonia.
Na natureza, na arte, na amizade ou no torso
de uma mulher que nos sorri sem a barreira fria.

domingo, 10 de junho de 2012

5 - The Armour of Ice (a song)


If I only could
brake it (the armour of ice)…

Tell me now
why did you rise
that cold hard barrier
against feeling and emotion?

What is wrong with you?
Why are you so afraid
of being fragile?
Who hurt you so much?

Am I delusional?
Are sarcasm and rage
part of you character?
Is it just a habit?

What about the spark I see?
That beauty and strength
piloting me towards you?
Is it not real?

4 - Comet (a song)


You go straight away
with no fear.
You brighten every day.
All becomes clear.

There’re no demons in your head,
nothing to shred your path,
while I almost get mad
with my stupid ghosts of glass.

You’re my comet
flashing towards the sun.
My heartbeat is set
to pace your crazy run.

Our speed is the same.
My race is in the shadow.
You shine in a melting flame.
I’m the lost asteroid with no glow.

But you’re guiding me
only by being there.
I am now getting free
of my thoughts and despairs.