quinta-feira, 19 de julho de 2012

8 - The Maze of Fears


I am afraid of so many things.
We are guided by fear so many times.
If only I could grow some wings
to fly away from this maze that defines
my actions, decisions and ideas…
I must fight to be audacious.

These walls of fear design the path
of my life and do me wrong.
Their influence is clear as math
and everyone is taken along
the same laws of dynamics
to the point of becoming fanatics.

All human beings share the same
original fear — being alone.
That fear is our human claim,
it’s inside us to the bone.
Nothing is more legitimate
than longing for our perfect mate.

But from this fear others arise
out of frustration and pain.
We put them all under disguise
to the point of making our heart insane.
Original and following fears are hidden
as we cease to believe in Eden.

Blind in pride we say we’re rational
and strong whilst getting lost in the maze
of fears. We don’t even recognize each wall
standing before us in our chase
of denial. Scepticism is the main rule
and sarcasm the favourite tool.

The maze takes us to the ultimate paradox —
we’re afraid of loneliness and afraid of love!
This squared spiral is an entrapment box
of disconnection to the reality above
our weak understanding and false principles.
It deafens the intuition’s ripples.

Love is real. It is there. Listen!
Embrace the risk of pain and jump
towards the meaning of life. Away from the prison
of stoned hearts with only venom to pump.
Share yourself, face the fear to suffer,
cherish the fragility of the other.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

7 - Embrutecimento

Ó ser humano
aflito, nervoso.
Não sejas insano,
entra em repouso,
baixa as defesas
e as tuas certezas.

Sentimos todos medo
do coração magoado.
Conhecemos desde cedo
as dores desse estado.
Todos chorámos na infância
pelo que dávamos importância.

Ao crescer endurecemos.
Tem mesmo de ser assim.
O problema são os extremos.
Muitos vão além do fim
aceitável para se ser duro,
erguendo à volta um terrível muro.

Qualquer sentimento é interdito.
Só passam emoções leves e banais.
É controlado o que pode ser dito,
qualquer palavra bela está a mais.
Através de um primitivo cálculo
o discurso é reduzido ao frio vernáculo.

Sejamos brutos. As palavras, calhaus.
Conversas de arremessos,
afetos lançados ao caos,
perdidos em mil avessos,
até desaparecerem de todo
e ficarmos presos no lodo.

Brutos e amargos, só pelo receio
de sentir, sofrer, de ser frágil.
O medo é tal, sendo preferível tornar feio
cada momento e instante com a palavra vil.
Projetam dureza, da qual fazem alardes,
quando na verdade não passam de cobardes.

terça-feira, 3 de julho de 2012

6 - Orgânica do Desgosto


Começa no peito.
Uma irrigação súbita
leva tudo a eito
e o coração grita.

Segue‑se o nó na garganta.
Um nódulo sufocante.
A alma cai e não levanta,
nada segue avante.

Um torno envolve os pulmões
sem dó nem piedade.
Rebentam alvéolos aos milhões.
Decuplica a dor que nos invade.

Libertam‑se ácidos no estômago.
É um vazio sem fome.
O vácuo instala‑se no âmago
e num torvelinho o espírito some.

Às vezes estremecem as pernas.
Vacilamos numa queda iminente.
Surgem as trevas das cavernas
do desmaio. Nada se sente.

Fugir! Escapar a todo o custo!
Hectolitros de anestesia contra a lucidez!
Mil e um instantes de susto!
Até a dor na carne tem a sua vez...

Cortes! Rasgos! Sangue!
Toda a violência apazigua.
Esmague‑se o corpo com um tanque.
Magoa menos do que a dor da alma nua.

Há, no entanto, alternativa
para serenar a taquicardia.
A beleza liberta a alma cativa
de toda e qualquer agonia.

A pulsação retoma com o esforço
da transformação do caos em harmonia.
Na natureza, na arte, na amizade ou no torso
de uma mulher que nos sorri sem a barreira fria.