quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

3 - Leitor Sequioso


Tenho saudades do entusiasmo
Das minhas primeiras leituras,
Quando os livros causavam pasmo.
Lia histórias de aventuras,
Alguns enredos presunçosos,
Textos banais e manhosos.

O crescimento dificulta
A feliz taquicardia;
A comoção está mais oculta,
Desaparece a alegria.
O sarcasmo impera,
O nosso riso é de fera.

Bem tento encontrar páginas
Que me façam voar o espírito.
Quero o regresso das lágrimas
De quem olha o infinito;
Onde está o texto impresso
Que parece conter o universo?

Algumas leituras obrigatórias
Provocam esse fascínio;
Outras são antigas glórias
Que delimitam o domínio
De um orgulho inteletual,
Mentecapto e superficial.

Procuro no texto humildade;
Quero‑o tecido com a alegria pura
Do arquiteto a projetar  a cidade
Que os sentidos alimenta e as maleitas cura.
O cidadão leitor, como uma criança surpresa,
Dobrará cada esquina embevecido pela beleza.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

2 - A Alma e o Tempo

Tenho medo de morrer cedo.
A vida é rápida e sem retorno.
Quero desvendar o segredo
Para sair do torpor morno
Que me mata a cada segundo.
A minha alma não se cala;
Ela grita, remove e incendeia!
Não aguenta! Há que sair da jaula
Que lhe impede de realizar cada ideia,
E de a partilhar com o mundo.

A prisão da apatia consome
Mais energia que a escravatura;
É pior do que passar fome
Ou ser vítima de tortura.
O adiamento e a dormência
São o mais cruel desperdício:
O instante foge, sem ser vivido;
Este desmazelo é um opiáceo,
Um vício sem qualquer sentido
A impedir‑nos a existência.

Mãos à obra, que se faz tarde!
Acorda! Come! Trabalha! Cria!
Sente a paixão que no peito arde!
Expulsa a pontapé a morte fria,
Precoce e persuasiva!
Acolhe a manhã e sai para a rua.
Inspira o ar fresco e combate o sono.
Estou vivo e pronto para a realidade crua.
Da fibra do tempo sou senhor e dono.
Ergo a minha alma. Ela é carne viva.

sábado, 17 de dezembro de 2011

1 - Maintenance

Every monument decays,
No matter how huge.
It won't be with prays
Nor beating around the bush
That it will be safe from disaster;
Architects must work harder!

The work is never done.
There's no such thing as completion.
It's a commitment to the bone,
A work in progress and motion,
Requiring the most severe discipline
To keep the beat of our heart's turbine.

This needs dedication to detail,
An eagle's eye to cracks and bends.
Every hit can make it fail
If there's no truth in the amends.
Maintenance is the hardest task;
It makes love real and not a mask.