segunda-feira, 9 de julho de 2012

7 - Embrutecimento

Ó ser humano
aflito, nervoso.
Não sejas insano,
entra em repouso,
baixa as defesas
e as tuas certezas.

Sentimos todos medo
do coração magoado.
Conhecemos desde cedo
as dores desse estado.
Todos chorámos na infância
pelo que dávamos importância.

Ao crescer endurecemos.
Tem mesmo de ser assim.
O problema são os extremos.
Muitos vão além do fim
aceitável para se ser duro,
erguendo à volta um terrível muro.

Qualquer sentimento é interdito.
Só passam emoções leves e banais.
É controlado o que pode ser dito,
qualquer palavra bela está a mais.
Através de um primitivo cálculo
o discurso é reduzido ao frio vernáculo.

Sejamos brutos. As palavras, calhaus.
Conversas de arremessos,
afetos lançados ao caos,
perdidos em mil avessos,
até desaparecerem de todo
e ficarmos presos no lodo.

Brutos e amargos, só pelo receio
de sentir, sofrer, de ser frágil.
O medo é tal, sendo preferível tornar feio
cada momento e instante com a palavra vil.
Projetam dureza, da qual fazem alardes,
quando na verdade não passam de cobardes.

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