Começa no peito.
Uma irrigação súbita
leva tudo a eito
e o coração grita.
Segue‑se o nó na garganta.
Um nódulo sufocante.
A alma cai e não levanta,
nada segue avante.
Um torno envolve os pulmões
sem dó nem piedade.
Rebentam alvéolos aos milhões.
Decuplica a dor que nos invade.
Libertam‑se ácidos no estômago.
É um vazio sem fome.
O vácuo instala‑se no âmago
e num torvelinho o espírito some.
Às vezes estremecem as pernas.
Vacilamos numa queda iminente.
Surgem as trevas das cavernas
do desmaio. Nada se sente.
Fugir! Escapar a todo o custo!
Hectolitros de anestesia contra a
lucidez!
Mil e um instantes de susto!
Até a dor na carne tem a sua
vez...
Cortes! Rasgos! Sangue!
Toda a violência apazigua.
Esmague‑se o corpo com um tanque.
Magoa menos do que a dor da alma
nua.
Há, no entanto, alternativa
para serenar a taquicardia.
A beleza liberta a alma cativa
de toda e qualquer agonia.
A pulsação retoma com o esforço
da transformação do caos em
harmonia.
Na natureza, na arte, na amizade
ou no torso
de uma mulher que nos sorri sem a
barreira fria.
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