sábado, 2 de março de 2013

13 - Silêncio Branco

Um homem caminhava no silêncio branco,
libertava vapor entre os lábios gelados,
acreditava ter o coração franco
a impedir‑lhe a alma de se desfazer aos bocados.
O rasto na neve seria em breve coberto.
Sozinho e desapercebido. O rumo, incerto.

Frio, isolamento e desorientação.
O rosto sulcado pelas contrações de dor.
Agarrava‑se ao orgulho, a um espírito de missão,
à fé de o desejarem como fonte de calor,
embora só recebesse chicotadas de gelo.
Nenhuma alma ou corpo lhe lançava um apelo.

Não era objeto de desejo, nem sequer de necessidade.
Era ele quem necessitava, desejava e morria
de desgosto, paralisado, a sufocar de saudade.
O coração franco não o retirava da gélida via!
Não era o suficiente na química do desejo.
Alma desfeita, células cristalizadas. A privação do beijo.

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