Tenho saudades do entusiasmo
Das minhas primeiras leituras,
Quando os livros causavam pasmo.
Lia histórias de aventuras,
Alguns enredos presunçosos,
Textos banais e manhosos.
O crescimento dificulta
A feliz taquicardia;
A comoção está mais oculta,
Desaparece a alegria.
O sarcasmo impera,
O nosso riso é de fera.
Bem tento encontrar páginas
Que me façam voar o espírito.
Quero o regresso das lágrimas
De quem olha o infinito;
Onde está o texto impresso
Que parece conter o universo?
Algumas leituras obrigatórias
Provocam esse fascínio;
Outras são antigas glórias
Que delimitam o domínio
De um orgulho inteletual,
Mentecapto e superficial.
Procuro no texto humildade;
Quero‑o tecido com a alegria pura
Do arquiteto a projetar a cidade
Que os sentidos alimenta e as maleitas cura.
O cidadão leitor, como uma criança surpresa,
Dobrará cada esquina embevecido pela beleza.
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