terça-feira, 20 de dezembro de 2011

2 - A Alma e o Tempo

Tenho medo de morrer cedo.
A vida é rápida e sem retorno.
Quero desvendar o segredo
Para sair do torpor morno
Que me mata a cada segundo.
A minha alma não se cala;
Ela grita, remove e incendeia!
Não aguenta! Há que sair da jaula
Que lhe impede de realizar cada ideia,
E de a partilhar com o mundo.

A prisão da apatia consome
Mais energia que a escravatura;
É pior do que passar fome
Ou ser vítima de tortura.
O adiamento e a dormência
São o mais cruel desperdício:
O instante foge, sem ser vivido;
Este desmazelo é um opiáceo,
Um vício sem qualquer sentido
A impedir‑nos a existência.

Mãos à obra, que se faz tarde!
Acorda! Come! Trabalha! Cria!
Sente a paixão que no peito arde!
Expulsa a pontapé a morte fria,
Precoce e persuasiva!
Acolhe a manhã e sai para a rua.
Inspira o ar fresco e combate o sono.
Estou vivo e pronto para a realidade crua.
Da fibra do tempo sou senhor e dono.
Ergo a minha alma. Ela é carne viva.

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